quarta-feira, 9 de novembro de 2011

João Bobo

E assim me despeço de suas atenções, suas mãos carinhosas, suas sardas...
Não as quero mais, não as posso mais querer. Se é preciso escolher entre mim e você, escolho-me inteira. Não quero ser mais metade a esperar metade.
Essa orgia de olhares precisa cessar. Te proíbo de me despir com seus olhos. Me incita a querer ficar nua para que me olhe.
Meu corpo não concebe mais as ordens de minhas idéias. Não quero mais te ver porque apenas te olhar se tornou agressão para meu cotidiano. O pulso descompassa, e me larga assim, descompassada.
O sangue congela, a vista embaça.
Não posso mais...
Preciso do meu pulso, sangue e vista para sobreviver... Te esqueço para não morrer.
Então, por escolher a vida, encerro nossa conexão astrologicamente mapeada.
Ignorarei minhas intuições, não o visitarei mais à noite, seu cheiro não acordará no meu travesseiro. Peço que recolha seus sentidos para que não me mande mensagens por telepatia.
As recebo o tempo todo, desgovernadas. E faça o favor de colocar meu eixo no lugar, exatamente como o encontrou.
Te proíbo também de pensar em mim.
Não é mais permitido desenhar-me em seus pensamentos. Chega.
Migalhas não são banquete. São migalhas.
Digo-te adeus, João Bobo.
Dá aflição querer fazer uma coisa e não conseguir...