quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Quando eu resolver falar
O que meu peito não quer calar
Você vai acreditar
No que eu disser
E vai acreditar
Com tamanha força
Que vai me convencer
Que o que eu disse
Realmente quis dizer.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Pureza

Se todo poeta tem que ter um quê de triste, ele há de ser, então, um grande poeteiro.
No seu olhar esbarram-se a pureza da primeira decepção de uma criança e a dor acimentada de quem amou cem vezes e perdeu cem amores.
Em toda confiança há um quê de pureza. Em toda decepção também.
É preciso ser malandro para se confiar em alguém sem se decepcionar, mas também há um quê de pureza em se bancar malandro.
Tristeza é preciso. Pureza também.
Sendo devorada por seu olhar, corrigi Vinícius:

" Mas pra fazer um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
É preciso um bocado de pureza
Senão não se faz um samba, não"

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Corte fundo

Na pré-estréia do filme sexual que o namorado faz, a namorada enciumada, de saco cheio, saturada, entediada e viciada sai para fumar um cigarro. Na porta do teatro, enquanto fuma, ela conhece alguém interessante.

***

Na tentativa de ignorar o pensamento, às vezes me sinto patética.
As imagens são fortes, a boca saliva, o coração dispara, os olhos cerram-se
com força, como se essa força fosse mandar o fantasma embora.
Nada acontece.
Me sinto inútil, infértil, incrédula, inerte, invisível.
Nada acontece.
Uso palavras afiadas com fino fél e discreto corte
para tentar fechar a ferida.
Acontece que sangra, mas apenas em mim.
Se de um lado eu sou grito, manha, ferida quente aberta, cactus;
do outro você é maresia, sussurros, sensações lânguidas, flocos de neve virgens.
Nada acontece. Às vezes me sinto patética.